Definimos o clubismo como a união de pessoas em torno de determinada organização política, que em realidade tem como plano de fundo apenas “relações pessoais entre amigos”.
O clubismo surge de duas formas: Uma por opção própria do grupo que o adota, outra por degeneração. No primeiro caso, pouco pode se esperar, já que tem uma vida curta, uma vez que não consegue acompanhar a dinâmica da luta de classes; no segundo caso, porém, torna-se mais problemático, pois se mantém por tempo prolongado e se evidencia devido o abandono da discussão comprometida e da busca de unidade teórica, tornando-se vazio e sem razão de existir. Alcançado este estágio organizacional, dificilmente consegue livrar-se do câncer, a não ser pela sua destruição.
O clubismo impede o debate sincero e aprofundado dentro de uma organização, pois todos os seus membros são vistos primeiramente como parte de uma “grande família” e não como um grupo dedicado à transformação da realidade concreta. Desta forma, qualquer tentativa de diferir da opinião coletiva, forjada no espectro do clubismo, torna-se opinião anátema, que sofrerá refreamentos ou será trazida para o nível pessoal, uma vez que não há resposta a nível teórico.
Além disso, provoca supressão de erros individuais e coletivos em nome da amizade. A diretriz corretiva baseia-se em acobertamentos públicos com “puxões de orelha” no privado e, se internos, conciliação com abraços e ocorrências do gênero. Oculta novamente a fragilidade teórica e a ausência de compromisso ético, que deve ser inerente a todos os militantes comprometidos com a causa do povo.
O futuro do clubismo, seja por escolha ou por degeneração, é triplo: A) O isolamento das ações concretas, acompanhada de discussões abstratas sem a intenção de interferir na luta de classes, formando inúmeros “mártires inativos”, dedicados às verborragias revolucionárias, e que na prática não transcendem a barreira do simples educacionismo; B) A cristalização do quadro quantitativo, que não se renova, ou que se esvai ao longo do tempo por conta de inação ou por falta de autocrítica apartada do clubismo. C) A ausência de unidade na teoria, item que solidifica e norteia as ações coletivas, já que a “individualidade” é prioridade, o que evita qualquer acordo prolongado e “desentendimentos desnecessários à harmonia do grupo”.
A solução para o problema dificilmente seria tomada em coletividade, uma vez que sob esta paira antes a amizade e em algumas vezes, personalismos fortes. A tarefa dos que percebem o clubismo e sentem-se frustradas com este é o rompimento e a denúncia. Não há motivos para alimentar a existência de degenerações que em pouco ou em nada podem contribuir para o acirramento da luta de classes contra o Estado e o capitalismo, ao lado do povo.
ESMAGAR O CLUBISMO É ESMAGAR A DEGENERAÇÃO!